Tradicionalismo

Chama Crioula em Canguçu reacende Festejos Farroupilhas

Depois de dois anos ofuscada pela pandemia, centelha será gerada e distribuída para tradicionalistas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina

Paulo Rossi -

A tradição de carregar a chama do fogo que por dez anos iluminou os caminhos das tropas farrapas na luta dos gaúchos contra o Império por impostos mais justos chega a Canguçu para dar início às celebrações da Semana Farroupilha. Cerca de mil cavaleiros das 30 Regiões Tradicionalistas do Estado, e três de Santa Catarina, estarão nos dias 12 e 13 de agosto no município para levar uma centelha aos quatro cantos dos dois estados. Após ser prejudicado pela pandemia, o evento estadual chega à sua 73ª edição e a cidade se prepara para receber mais de quatro mil visitantes. Na programação festiva, uma homenagem ao canguçuense Joaquim Teixeira Nunes, o coronel Gavião, considerado um dos líderes da Revolução.

A geração e distribuição da chama tem todo um simbolismo para os gaúchos tradicionalistas, que partem em comitivas de suas regiões para percorrer quilômetros a cavalo representando a bravura dos farrapos e, assim, manter viva a tradição e as raízes do povo do Sul. Os dois dias de evento estadual são só o começo de uma jornada que culmina com os Festejos Farroupilhas nas entidades tradicionalistas e nos Centro de Tradição Gaúcha (CTGs) em setembro. Para o presidente da Comissão Executiva de Evento, Diego Walter, por ser um tradicionalista, educador e vereador, é um orgulho estar à frente da organização. "Estamos cientes de nossas responsabilidades. Acredito ser este um dos maiores eventos do MTG, uma vez que traduz o simbolismo por esse chão, pelo nosso povo e o legado da nossa gente", resumiu. Pela dinâmica, na sexta-feira a geração do fogo será durante uma apresentação cênica e, somente no sábado, ocorre a distribuição aos tradicionalistas.

A coordenadora da 21ª Região Tradicionalista, Jaicimara Oliveira, lembra do empenho, iniciado em 2014, com os ex-coordenadores Marco Aurélio Ferreira Lages e Silvania Zart Valle Afonso, que lutaram para sediar o evento em 2020. "A expectativa se torna maior ainda devido à parada de dois anos por causa da pandemia, quando as regiões fizeram as suas próprias gerações de chama para a Semana Farroupilha. Agora vamos poder reviver toda a emoção de ter a participação dos grupos de cavalgadas", ressaltou.

História e arte
Entre as atrações do evento, na sexta-feira terá o espetáculo "Liberdade nas asas do Gavião", com criação e direção de Rinaldo Souto Oliveira. A narrativa conta a história de Joaquim Teixeira Nunes, nascido em Canguçu, pouco depois do surgimento da Capela Curada de Nossa Senhora da Conceição de Canguçu, em 1º de janeiro de 1800. Das brincadeiras de soldado durante a infância, à família, o público poderá acompanhar a trajetória do homem integro que sabia tratar com respeito até os inimigos, conforme contam historiadores. Nos atos, tem desde a passagem pela guerra da Cisplatina, já como alferes, e o comando do Corpo de Lanceiros Negros Farrapos, pela especial habilidade com a lança, até sua morte, em novembro de 1844, na ocasião da última reação armada da República Rio-Grandense.

"O nome dado ao espetáculo remete à representatividade de liderança do coronel frente aos lanceiros negros, e também a partir da esperança desses com a promessa que seriam libertos caso fossem vitoriosos", explicou Souto. O final do espetáculo terá uma mensagem de esperança e que irá remeter à geração do fogo simbólico.

Retomada dos eventos
A partir da 73ª edição do acendimento da chama Crioula, as entidades tradicionalistas começam a pensar nas atividades dos Festejos Farroupilhas neste "novo normal" pós-pandemia. Composta pelos municípios de Arroio Grande, Canguçu, Cerrito, Herval, Jaguarão, Pedro Osório, Pedras Altas, Piratini e Pinheiro Machado, a 21º RT vem retomando aos poucos os eventos, a partir dos grupos de invernadas e das demais atividades culturais, campeiras e de esportes campeiros. Para setembro, como Canguçu é sede do acendimento do fogo no Estado, Piratini - a primeira capital gaúcha - irá buscar a centelha do fogo simbólico e, no dia 6 de setembro, distribuirá para os municípios.

26ª Região Tradicionalista
Em Pelotas, a 26ª Região Tradicionalista tenta fazer uma parceria com a prefeitura e a Câmara de Vereadores para viabilizar o Rancho da Paz no largo Edmar Fetter, com shows de artistas locais e a gincana tradicionalista, incluindo doação de sangue e arrecadação de alimentos. "Possivelmente teremos a distribuição de quentinhas aos mais necessitados", adiantou o coordenador, Márcio Corrêa. Para o evento em Canguçu, a região contará com a participação de 60 cavaleiros.

Confira a programação em Canguçu
12 de agosto:
9h - início da cerimônia da 73ª Geração e Distribuição da Chama Crioula do Rio
Grande do Sul, com a abertura oficial e o espetáculo: "Liberdade nas asas do
Gavião", com a criação e direção de Rinaldo Souto;
- Desfile dos cavaleiros pelo centro da cidade;
- Oficina de dança e pilchas para as escolas do município;

13 de agosto:
9h - abertura oficial
9h30min - início da cerimônia de distribuição da chama crioula para as 30
Regiões Tradicionalistas (RT) do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além da benção aos cavaleiros;
-Desfile de cavaleiros no centro da cidade;

Ginásio Municipal de Esportes Conrado Ernani Bento
17h - mateada;
19h - show do grupo Sem Fronteiras;
20h30min - show de encerramento com César Oliveira e Rogério Melo.

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